Vós, filhos, sustentai os vossos pais

A nova lei da ncionalidade ainda não admite o pleno critério do ius soli. Porque não queremos que agora todas as crianças que nasçam em Portugal sejam portuguesas. Afinal, ser português não é pra qualquer um, muito menos se ainda nem conseguem fugir do país pelas próprias pernas, que é o que fazem os portugueses de origem e os jogadores de futebol.

Dizem que é para evitar que Portugal se transforme numa maternidade do terceiro mundo. Isso não queremos. O que queremos é fechá-las, não abrir mais maternidades.

Dizem também que é para evitar o tráfico (ilegal) de pessoas, especialmente grávidas. Afinal, nunca tivemos cá nada disso, não vamos agora começar a incentivá-los. Ah, esses traficantes malucos! A gente sabe lá o que lhes vai na cabeça!?

Dizem que assim podemos escolher melhor a quem vamos atribuir a nacionalidade. Ora, meus amigos, temos 10 milhões de castings mal feitos, acham mesmo que agora é hora de começar a armar-se em juri dos ídolos??

Dizem ainda outros que é para evitar a afluência de pessoas que iria aumentar exponencialmente no país. Não temos cá espaço para mais gente. Então não se vê que nas planícies alentejanas já quase nem se vê o chão de tanta gente que lá há? E no interior norte? Aquilo é gente ali que uma pessoa pensa que tá em Nova Iorque. Nada disso, meus amigos! Não queremos cá mais ninguém. Principalmente, se vêm cá trabalhar e viver e contribuir. PAra isso estamos cá nós, os nascidos e criados!

Estamos nós, os velhos, cada vez mais velhos, mas que somos como o vinho do Porto. Quando mais velhos melhor! Melhor para trabalhar e para continuar a trabalhar até morrer, que assim poupamos ao Estado dar-nos a reformazita, que assim sempre sobra mais.

Estamos nós os mais novos, para ir fazendo cursos e mais cursos, até conseguirmos uma vaga no fundo de desemprego para um cursito de reciclagem e para aprender a fazer tricot industrial, que dá sempre jeito para quem não arranja trabalho na sua area. E diverte! Oh, pois não! São horas e horas de diversão garantida ali... ai...ai...só de pensar naquela meia malha...é a loucura, é o que é! A loucura!

E como cada vez somos menos e mais velhos e mais estupidificados, então o Engº quer fazer como os agricultores em decadência. Ai só temos duas vacas? Então põe-nas a render por quatro que é para compensar. Ai temos menos portugueses? Então manda-os terem mais filhos que é para compensar. O problema é que nem os incentivos são assim tão bons, nem os filhos dos portugueses são tão dotados como os do barão Von Trapp. Eles é cantar, eles é dançar, eles é escalar os alpes a fugir de nazis. Aquilo só em shows pra casamentos e baptizados rendia que era uma maravilha.

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