Quid Iuris?

Proibido proibir!

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Monday, June 19, 2006

I just keep on laughing
Hiding the tears in my eyes
Because boys don't cry
(The Cure)



Às vezes, quando acordo, ainda me esforço por não fazer barulho nem grandes movimentos para não te acordar. Ainda olho para o lado para te ver dormir. Ainda estico o braço e estendo a mão aberta junto de ti, com todo o cuidado, apenas para te sentir o calor que se liberta da tua pele. Ainda aguço o nariz para te respirar o cheiro.
Às vezes, quando ando na rua, ainda sinto a tua mão na minha e aperto até perceber os dedos entrelaçados no vazio.
Às vezes, quando chego a casa, ainda chamo por ti. Ainda espero que me respondas. Ainda espero que estejas à minha espera, de braços abertos e colo pronto, e que me perguntes como foi o meu dia, só para poder responder-te que longe de ti nada em mim funciona, mas que fiz o melhor possível, só pensando no prémio que a tua boca me guardava no fim do dia.
Às vezes, ainda ponho a mesa com dois lugares e tiro as cenouras do arroz.
Às vezes, quando toca o telefone, ainda me treme a alma de pensar que serás tu, com a voz cheia de risos. Ainda corro a fechar-me no quarto só para atender.
Às vezes, quando me deito, ainda deixo um pouco de lençol solto para ti.
Às vezes, mesmo sabendo que já não vens, ainda espero por ti.

1 Comments:

Blogger Jaime A. said...

Talvez ficasse esperando,
sentado numa pedra,
ao fresco sol da manhã.
Brisando o ar,
minh'alma expectante,
meu sorriso guardado.
Talvez lembrasse,
tempos.
Tempos de risos,
risos garotos,
sem mal,
apenas risos.
Sopra o vento,
sentado,
o horizonte chama-me,
deliciado, talvez.
Entre as frestas,
vejo uma cálida memória,
quase anciã,
uma memória
tão vaga,
como as vagas de um lago,
estacado no tempo.
Dói-me a pedra sob mim.
Há uma rocha
sobre a minha fronte,
gelada,
pétrea.
Afila-se o olhar...
nada vê,
tudo imóvel,
naquela manhã,
tão queda,
tão lerda,
suave,
bêbeda de si.

5:24 PM  

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