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Monday, July 17, 2006

porque a música não morre


Quando era novo, era apenas um. Era apenas eu. Era apenas os sonhos do futuro e as ilusões do presente. Sem saber que o presente afinal não existe porque quando é, já foi.

Quando uma onda chega à praia, traz consigo todas as suas viagens pelo mundo. O pôr-do-sol do equador, o cheiro das estações, o paladar das cores. E naquela espuma branca liberta o suspiro de todas as memórias, de todas as viagens. Porque a música é uma desova na alma alheia.

Nos meus cabelos brancos, estou eu, mas não estou só. Sou mais do que eu só. Sou muitos. Sou todos os que amei. Sou tudo o que criei. Sou muitos entardeceres, muitos invernos, fantásticos tons de azul. Sou doce, como a minha memória de ti. Sou azedo, como a minha memória de perder-te.Sou tantos e todos convivem pacificamente dentro dos meus olhos. Tenho um mundo dentro de mim e é fantástico. Descubro que o tempo afinal é só um pretexto e morrer...morrer é ausentar-te do mundo de fora e passar a existir apenas no mundo que temos dentro.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Quando eu era novo a impaciência tomava conta dos meus nervos e a ansiedade de me transformar quebrava-me em peças, num puzzle que nunca ninguém conseguia compor.
Nessa altura preocupava-me em saber por onde andarias, se estavas ao alcance do meu abraço, se o teu coração palpitava quando desongaçava as palavras cantadas e dedilhava na guitarra melodias imperfeitas.
Nesses anos preocupava-me em saber se sentiriam a minha falta, se o mundo tropeçava na minha ausência, se era noite quando fechava os olhos.
Seria interessante retardarmos a passagem da vida, colocando-a em slow motion, para nos dar mais tempo e maior intensidade no deleite dos momentos, na construção da profundidade da memória.
Agora limitamo-nos a sorrir da pressa juvenil que sabemos não antecipar coisa nenhuma, que nos faz olhar o vazio do que está para lá, e que perde tudo o que nos rodeia e que é tangível e admirável.
Estes tempos-tv não permitem heróis de cabelos brancos e com o andar pesado; somos apenas epitáfios, imagens dessa nostalgia da vida por si mesma. Mas o que isso importa se uso ao pescoço a preciosa “stone of your heart”!?

8:36 AM  
Anonymous Anonymous said...

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4:05 PM  
Anonymous Anonymous said...

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