Quid Iuris?

Proibido proibir!

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Location: Portugal

Friday, March 30, 2007

Alguém que me compreende

"...
Em conversa com o irmão mais novo de um amigo, cheguei a uma triste conclusão. A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida. E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta. O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer. "Quem?", perguntou ele. Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com ele mesmo? A própria música: "Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além... "era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora. O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super-Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas, lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual... E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração: O Verão Azul.

Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos. Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema. Ele não se transformava num super- herói quando brincava com os amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos. Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.

Confesso, senti-me velho. Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft. Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e a fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa a fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo "
Moleculum infanticus", que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho (muitas vezes chamado de "terno"), nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse. Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos. Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade? E ainda nos chamavam geração "rasca"... Nós éramos mais a geração "à rasca", isso sim. Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca a ver se a namorada estava grávida, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro.

Agora não falta nada aos putos. Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de prenda de anos e Natal, tudo junto. Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo. Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta. Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos. Antes, só havia um cromo por turma. Era o tóto de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas. É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.

Hoje, se um puto é normal, ou seja, não tem óculos, nem aparelho nos dentes, as miúdas andam atrás dele, anda de bicicleta e fica na rua até às dez da noite, os outros são proibidos de se dar com ele.


Nuno Markl - O Homem que Mordeu o Cão (My generation)"


Nota: A série que o autor do texto acima mencionou como sendo "Sebastien et le Soleil" é na realidade Les Mysterieuses Cites d'Or.

Ah, porque é jovem e tal


Estamos finalmente de férias.
Mas a verdade é que não vamos poder ter o nosso merecido momento de relax porque depois das férias temos os exames...ah o exames...esses preciosos momentos de fatalidade em que nos arrependemos de ser estudantes e pensamos: "está-se tão bem na construção civil..."

coisas de crianças



Estou há tanto tempo a chamar-te pra vires brincar...

Só vou atirar mais um pedra à tua janela.

Se não responderes, vou tocar à campaínha para saber o que se passa.

Estamos zangados?

a lista x na faculdade de letras

só uma pessoa que vive na escuridão, pode ser insensível à variedade e beleza das cores.

porque as cores só se podem ver com a luz.

meninos da lista x: VENHAM PARA A LUZ!

os pequenos portugueses votaram à sua medida

se eu fosse criança, vivendo nos dias de hoje, em Portugal, em que não há qualquer tipo de estrutura ou fundação a que as mentes jovens se possam agarrar para referências na vida social e cultural, seria uma vítima perfeita para a extrema direita ou para a extrema esquerda. (não não vejo muita diferença...todos sabemos que os extremos tocam-se)

Cada vez que se fala de salazar ou de hitler ou lenine ou do kim, lá na coreia, não vemos as atrocidades, não vemos a miséria e a fome, as perseguições, o terror e a coacção, a destruição de famílias inteiras que até hoje, e por mais gerações futuras serão afectadas. não vemos as pessoas que eram levadas em carrinhas e nunca mais voltaram. não vemos as que voltavam sem saberem o próprio nome por causa das torturas. não vemos os mutilados, do corpo e da alma. não vemos as guerras, lá longe, que vieram na cabeça dos soldados que até hoje lhes ouvem os tiros e os gritos. enfim...não vemos tanta coisa.

vemos esses homens, se é que se lhes pode chamar isso, em pedestais altíssimos, idolatrados pelo povo, aclamados pelo povo que grita o seu nome, porque tem medo que as armas dos militares que os trouxeram à força de casa e que os vigiam de perto, gritem mais alto que eles. vemos os lenços brancos no ar tremendo do terror de parar assim que alguém os reconheça por fazer parte do grupo deste ou daquele que fez a asneira de dizer que salazar também, uma ou duas vezes por dia, também se sentava na sanita. O HEREGE! nunca me lembro de ter visto salazar senão assim. um herói. salvador da pátria. é assim que aparece nos livros, na tv, nos grandes portugueses, na mente dos jovens e das crianças. e é assim que ele ficou gravado até hoje, na mente dos velhos...habituados a vê-lo nas paredes e nas ruas, olhando para eles...vigiando-os...ainda hoje...

tenho pena que a liberdade demore tanto tempo a chegar à alma do homem. porque os olhos que não estão habituados à luz, pensam sempre que vão cegar e preferem a habitual escuridão.

neo velho

Acho estranho que haja pessoas com ideais nazis...que haja pessoas que negam o próprio sangue, fruto da mistura de séculos de interracialidades várias que nunca se apagarão, para advogar uma pureza racial que os próprios não têm. porque não há português que não seja pelo menos um décimo preto, um outro décimo oriental ou árabe, fora os outros décimos de outras coisas mais. mas o que está na moda é querer viver sózinho, porque Portugal é só nosso, porque Portugal é dos portugueses. mas tambem o serão os trabalhos que nenhum português quer fazer, os esgotos por limpar, os prédios por construir, as ruas por varrer, o déficit por baixar.tudo nosso! porque não gostamos de partilhar, nem sequer as nossas porcarias! é tudo nosso!

acho estranho que haja pessoas com ideiais nazis...mas acho mais estranho que haja pessoas que não sabem o que o nazismo é. porque o nazismo não foi. o nazismo ainda hoje é. porque há pessoas que não sabem o que foi, não sabem nem querem saber. para poder continuar a fazê-lo ser ainda hoje. o neo nazismo nada mais é do que a ignorância ou a negaçao da história que leva os homens a querer repetí-la. e nós a deixarmos...

se te beijasse não haveria mais ruído. só música.

palavras a mais

às vezes tenho medo que se te disser tudo, não me digas mais nada. ou talvez digas...adeus...

Sunday, March 25, 2007

Filho da guerra sabe matar



"Tell me...deep down inside...who would you rather be?

The one doing the shooting or the one about to be shot?"

Hello, victim



Uma vítima não nasce feita.

Uma vítima educa-se, molda-se, com tempo, com paciência, com silêncio de quem deve falar, com fechar de olhos de quem deve vigiar, com inércia de todos os outros.

Serei sempre uma pessoa muito mal educada.

Hoje acordei desconstrutivista


Thursday, March 22, 2007

o preço de um olhar


Vai formosa e não segura

Lianor pela verdura

vai num salto tão altinho

a pensar "olha que cais"

vai soltando no caminho

suspiros e mudos ais...

Tuesday, March 20, 2007

Será que se estudar todos os filmes policiais e ver todos os episódios do CSI consigo cometer o crime perfeito?

Monday, March 19, 2007

Live long and prosperous!


PS:(sem qualquer conotação política) se nos virem, não fujam...não apreciamos fast food, ok? ahahah, brincadeirinha

prison break



A intriga e a conspiração ao mais alto nível.

Uma história tão bem contada que nem precisa de gajas nuas!

Estou há uns bons dois meses para acabar de ler o nome de toureiro do senhor Sepulveda... sem grande resultado.

compreio-o na fnac a 1,50. viva a fnac!

estou a gostar...muito lentamente.

Friday, March 09, 2007

Há dias assim


Porque a loucura é assim.

Apenas isto.

Eu.

Aqui sentado.

A pensar em ti.

A pensar no que não fomos.

No amor que nos fugiu.

Que agora é de outros.

Se o apanharem...


Porque a loucura é assim.

Só isto.

Eu.

Aqui sentado.

E o mundo inteiro do outro lado.

Onde tudo me parece estrangeiro.

Todas as línguas irracionais.

Só tu fazes sentido.

Quando imigras para este lado?


Porque a loucura é assim.

Eu só.




(Imagem blue_chimik - porque só blue não faria sentido)

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