Quid Iuris?

Proibido proibir!

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Location: Portugal

Wednesday, March 29, 2006

Just Another Day at the Office


If at first you don't succeed,
remove all evidence you ever tried.
David Brent


Those of you who think you know everything
are annoying to those of us who do.
David Brent


Eagles may soar high, but weasels don't get sucked into jet engines.

David Brent

Monday, March 27, 2006

George Costanza: Only I could fail at failing


Porque será que em português não temos uma palavra equivalente a "loser"?
Ou será que temos?

será...tótó?Pateta?Bronco?"Aquele gajo que tá sempre ao lado do gajo pra quem as gajas olham e com quem elas vão sempre desabafar os maus tratos que sofrem nas mãos dos outros e no fim dizem: És tão querido! Que pena não me ter apaixonado por ti!"?

Poderia haver aqui mote para um estudo psicolinguístico...

Pensamentos próprios do Verão

O Social

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Uma das verdades mais terríveis da existência humana é o precisarmos de viver em sociedade. O viver em sociedade obriga-nos a determinadas tarefas que todos assumimos como necessárias para a nossa continuada aceitação no grupo.

Uma das obrigações basilares é não poluirmos a visão dos outros, como quem evita deixar lixo no chão. Infelizmente, assim como há muitas pessoas que não tiveram pai nem mãe e foram privados de uma educação básica e por isso deitam lixo para o chão e cospem ruidosamente, há pessoas que não se preocupam em poupar-nos de imagens deprimentes. Imagens essas, que nos ficam para sempre gravadas na memória, provocando, até quem sabe, traumas irreversíveis.

Nada me diz que os serial killers não foram pessoas, algures na sua juventude e infância, traumatizadas por imagens terríveis. O que não nos deixa com muita segurança quanto ao futuro da nossa estabilidade mental e emocional.

Eu, que sou eu, não me reservo o direito de isentar-me desses deveres sociais. Por isso, todos os anos, no início do ano, no conjunto das resoluções de ano novo, reservo sempre um ou dois pontos para isso. Comprometo-me a fazer exercício regularmente e a não comer muitas porcarias. Nunca cumpro. Mas pelo menos guardo as minhas banhas pra mim e não as ando a bambolear pela rua em roupas que são obviamente do tamanho errado. Eu sei que a crise chegou, mas se não houver já produção têxtil em Portugal, por favor! apelamos à China! O que for preciso...

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Beauty is in the eye...

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Jerry: You realize of course you're naked?
Naked Man: Naked, dressed, I don't see any difference.
Jerry: You oughtta sit here. There's a difference.
Naked Man: You got something against a naked body?
Jerry: I got something against yours.
Naked Man: I'm not ashamed of my body.
Jerry: Exactly. That's your problem. You should be.


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By George...

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Jerry, just remember, it's not a lie if you believe it.

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Ah...

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Se vejo duas raparigas a conversar muito animadamente, aos abraços e beijinhos uma à outra e gesticulando muito e dando grandes gargalhadas suscitadas pela conversa penso, assim de mim para mim: Ah, são amigas.

Se vejo dois rapazes a conversar muito animadamente, aos abraços e beijinhos um ao outro e gesticulando muito e dando grandes gargalhadas suscitadas pela conversa pensa, assim de mim para mim: Ah, são amigas.



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Friday, March 24, 2006

A democracia é lixada

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Os comunistas não gozam fins de semana, nem feriados, nem Natal, nem Páscoa.

Não gozam.

Sobrevivem a eles...com heroísmo, diga-se.


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A piada da crueldade


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Porque é que há pessoas que se riem de coisas obviamente crués e malvadas?
É um fenómeno que gostaria de ver analisado e explicado ao pormenor.

Há pessoas que se riem das coisas mais terríveis. Aquelas que não têm mesmo piada nenhuma, e que, mesmo se tivessem, nao deveríamos rir delas jamais!

Há pessoas que gozam com indefinidos sexuais e contam piadas como esta:

Um ladrão ensina o filho a assaltar: - Filho, quando chegares a um banco dizes: "Homens, carteiras para fora! Mulheres, preparem-se que vão ser violadas!" No dia seguinte vão assaltar um banco e é a vez do filho experimentar: - Mulheres, carteiras para fora! Homens, preparem-se que vão ser violados! - Não é isso! É ao contrário! - resmunga o pai. Ouve-se então uma vozinha: - O que está dito está dito!

Há pessoas politicamente incorrectas que fazem piadas racistas:

Havia uma professora que era acusada de ser racista, pois nas suas aulas colocava sempre à frente os alunos brancos, e no fundo os pretos. Depois de muita contestação a professora foi trocada. Logo na primeira aula que deu, diz a nova professora: - Quero que fique bem claro que ao contrário do que a outra professora achava, os homens são todos iguais. E a partir de hoje não vai haver distinção de cor da pele! Não há brancos nem pretos, daqui para a frente seremos todos azuis! Ouviu-se uma salva de palmas ecoar na sala.
- Pronto, visto que estão todos felizes com a atitude tomada, vamos começar a aulas. Mas primeiro vamos organizar-nos um pouco: Os meninos azuis claros à frente, os azuis escuros atrás!


ou então...


Nos E.U.A. no Alabama, um milionário ao volante de um cadillac atravessa uma vila de negros a 100 à hora. De repente, ao passar por uma passadeira faz uma travagem brusca mas não evita o atropelamento de meia dúzia de criancas negras que vinham a sair da escola. Há sangue por todo o lado. Aproxima-se o Sheriff e pergunta ao dono do carro: - A que velocidade vinham as crianças quando chocaram com o seu carro ?

E, imaginem vocês, que há mesmo pessoas que fazem pouco de soluções políticas diferentes:

Emissão da Rádio Arménia. Programa de perguntas e respostas: "Um ouvinte pede-nos a definição de "comunismo"; fomos ver ao nosso dicionário e podemos informá-lo de que "comunismo" é "o horizonte luminoso que nos espera". Se por acaso não souber o significado da palavra "horizonte", podemos esclarecê-lo que segundo o nosso dicionário, é uma linha imaginária que se afasta à medida que tentamos alcançá-la".

ou então...

Na URSS...Estão 2 lojas uma à frente da outra. Numa está escrito "Carne", noutra "Peixe". Entra uma pessoa na loja onde esta escrito "Peixe" e pergunta ao empregado: - Vocês não têm carne ? - Não - responde o empregado - o que nós não temos é peixe, quem não tem carne é aquela loja ali em frente.

Se for uma dessas pessoas más e cruéis que se riu com estes péssimos exemplos de humor do mais politicamente incorrecto que pode haver, então, sugiro que pense bem na sua escala de valores morais e sociais. Reveja a sua vida. Medite sobre o que terá corrido mal. Depois, faça como eu e leia outra vez e ria mais um bocadinho.

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A Família do Século XXI, com muito orgulho!



(Tenho orgulho do meu filho gay!

Tenho orgulho da minha mãe lésbica!

Não admira que eu beba)

A vida real


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Há pessoas que gostam da vida real.Mas a vida real como ela é, com as suas nódoas, os seus maus cheiros, as suas pessoas detestáveis, os seus palavrões, enfim...a vida real como ela é (o dia a dia! caso a caso!).

Eu não sou uma dessas pessoas. Não vou sequer tentar explicar porquê. A verdade é que não interessa mutio também saber porquê. Mas isso não impede que sinta...curiosidade, sim, curiosidade sobre essas pessoas que gostam da vida real. Gostam de lhe ver os maus odores, de lhe cheirar as fétidas nódoas, de lhe conhecer as detestáveis figuras, de lhes conhecer as existências parvas.

É por isso que essas pessoas gostam de ver certos programas de televisão, certos sites da internet, ler certas revistas, enfim...até ouvir certas músicas. É daí que vem a atracção pela pimbalhada, pelas novelas hiper-chorosas. E são essas pessoas que nos fazem ter que ver cenas eventualmente chocantes quando não estávamos de sobreaviso. É uma espécie muito particular e cruel de violência de que me sinto ultimamente vítima.

Fui comprar o jornal, vejo uma revista com mãe e filha na capa, prometendo mostrar-me coisas que eu nunca, nos meus piores pesadelos, pensei ver.

Estou a ir para a universidade e vejo várias, não uma, não duas, mas várias pessoas, homens e mulheres, a desentalar a cueca!! Em alguns casos até se ouve o estalido do elástico, para coroar a festa.

Estou a fazer compras, vejo uma pessoa (não dava para ver pela roupa se era homem ou mulher, benvindos ao século XXI), de rabo virado para a prateleira a que precisava de aceder para tirar o meu pãozinho e logo fiquei a pensar duas vezes tal foi susto que apanhei a ver que metade do rabo estava fora das calças e ainda por cima era uma tanguinha. Ah, mas então era mulher! Pensam vocês! É que eu nao fiquei para descobrir dada a camada de penugem à la toni ramos que ali havia! Ah pois é, meus amigos! a vida real é cruel e cria em nós traumas que, dificilmente, se apagarão.

O que vale é que existe a literatura...essa sim é a vida real em que eu vivo.

Monday, March 20, 2006

Um dia prego uma partida a alguém...


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Ontem estava a voltar para casa e vi, no meio da rua, perto da meia-noite, uma criança de 4 ou 5 anos completamente sozinha mesmo na beirinha de uma via rápida.
Estava a tentar beber água de uma fonte imunda que há na praceta. Completamente encharcada, com um frio fantástico que fazia, mas muito laboriosa, sem prestar atenção a quem por ela passasse.
Conversei com ela durante algum tempo. Tirei-a de dentro da fonte. Esperava que aparecesse uma mãe, ou pai, completamente possessos a pedir satisfações. Ninguém apareceu.

Perguntei-lhe se estava ali sozinha, ela respondeu que não. Correu, então, para alguém que estava, afinal, uns largos metros mais além, sentado num banco do jardim, pensando na vida, talvez. Fui embora. E pensei que óptima oportunidade tinha acabado de desperdiçar de levar uma boneca para casa.

Porque é que há pedófilos? Porque há pais ausentes.


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O Sonho Americano:

Se a vida te dá limões, aprende a fazer limonada.


O Sonho Português:

Flaubert...


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É preciso dar o desconto, pensava ele, aos discursos exagerados que escondem afeições medíocres; como se a plenitude da alma não transbordasse por vezes nas metáforas mais ocas, já que jamais alguém pôde dar a exacta medida das suas necessidades, ou das suas concepções, ou das suas dores, e que a palavra humana é como um caldeirão rachado em que se batem melodias para fazer dançar ursos, quando o que se pretendeia era enternecer as estrelas.

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Flaubert

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"Não se deve mexer nos ídolos: o dourado fica-nos agarrado às mãos".

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Friday, March 17, 2006

Afinal não somos só nós...

Está a cair água do céu

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Quando chove sinto a alma empapada e não apetece fazer nada até que chegue o sol.
Chego a casa, ponho-me à frente do aquecedor e hiberno e penso como é bom que chova, para ter desculpa para poder não fazer nada.

That’s me in the corner

Nothing but the Truth

Nothing but the Truth

Thursday, March 16, 2006


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Se um dia algum artista editasse a sua obra com o título “o pior livro que já escrevi” ou “o pior disco já editado”, com toda a certeza, seria um sucesso de vendas. O público acorreria em massa a comprá-lo. Uns por curiosidade, a tal atracção pelo acidente. Outros porque simplesmente não acreditariam na honestidade do artista e achariam aquilo tudo muito...artístico.

Não é que não saibamos que é possível, que existe essa coisa chamada falta de talento. Mas os que lêem e os que ouvem música e são dedicados a um artista que é seu preferido, não conseguem senão dar-lhe o benefício da dúvida. Riem-se da sua modéstia. Acham engraçado que não goste de se ler, ou de se ouvir.

A verdade é que os artistas são criação nossa. Fomos nós que lhes ficcionámos o talento porque, por alguma razão, nos identificámos com eles e percebemos o que eles queriam dizer e sentimos que eles o dizem muito melhor do que nós alguma vez o poderíamos fazer. É uma espécie de narcisismo marado.

Que importa se ele, na verdade, não consegue seguir um compasso ou se não tem voz. O que importa é que aquela música que ele cantou, da forma como ele a cantou, em algum dia, marcou um momento da nossa existência, uma ideia, um sentimento, a que ficou para sempre associada aquela música.

E porque eles são criação nossa, porque somos nós que os sustentamos e lhes enchemos a carteira e o ego, não podemos deixar de lhes perdoar tudo o que não desculparíamos em qualquer outra pessoa. É aqui que se faz a distinção entre a genialidade e a mera presunção. Meteu-se na droga? Coitado, é a pressão da fama. Embebedou-se e espetou-se com o carro e matou 200 pessoas? Coitado, é o peso da responsabilidade de ter tanto talento e os olhos do mundo sobre si. Há sempre um momento em que um gajo não aguenta, pá.

Assim como os pais, se verdadeiramente amam os seus filhos, não lhes conseguem ver os defeitos e imputar as culpas. O meu filho será sempre inocente. Se matou foi porque foi levado pelas circunstâncias e agiu em legítima defesa. Se roubou foi por causa da influência perniciosa de más companhias. Escreveu um livro mau? Foi só um ensaio, queria testar algumas ideias, mas o próximo já sai melhor. E cá estamos nós, depois de termos gasto dinheiro mal gasto a comprar Os Piores Contos dos Irmãos Grim, porque realmente não percebemos, ou não queríamos acreditar, que fossem mesmo maus. Com vontade de pedir reembolso na livraria, mas com vergonha sequer de admitir que o comprámos porque afinal os próprios autores nos avisaram que ele era mau. E todos sabemos que assim que sair outro livro, vamos a correr à livraria comprá-lo porque nos recusamos a acreditar que o artista que criámos na nossa imaginação e no qual investimos afinidades em cada página, a cada livro, o nosso artista, já não tenha arte.


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Quando era pequeno, ao contrário das outras crianças da minha idade, não queria ser polícia, nem bombeiro, muito menos astronauta.
Até hoje não entendo porque há pessoas que escolhem, livremente, ser polícia, ou bombeiro ou astronauta, ou médico, ou piloto de fórmula um.

A profissão de polícia, inclui, entre muitas outras regalias, levar com tiros de bandidos e bofetadas de mulheres em manifestações e não poder retribuir, senão fazemos as primeiras páginas de todos os jornais como mais um exemplo da brutalidade das forças de segurança pública.

Ser bombeiro só pode vir de uma vontade muito grande de experimentar o inferno em vida. Tem as chamas e tal. Depois, como retribuição tem-se um salário mínimo e uma reforma que só dá para comprar um pacote de fósforos e relembrar os velhos tempos de profissão.

Os astronautas...são aqueles que, voluntariamente se lançam, em garrafas com toneladas de explosivos acopladas, para o vácuo onde não podem respirar e onde provavelmente todas as veias do corpo rebentarão com a pressão momentos depois de nos enviarem imagens lindíssimas de corpos celestes.

Ainda pensei, durante algum tempo de escuridão emocional, ser médico. Por sorte, morreu-me um peixinho dourado que tinha num aquário em cima da mesa da sala e percebi que a morte é incontornável e todo o esforço inútil.

Foi durante a adolescência que se fez luz. Tinha eu por volta dos 14 anos, quando houve, na minha cidade, uma greve de homens do lixo. Passeando pelas ruas imundas, vendo os contentores inclinados vergando sob o peso dos sacos de lixo, outros já no chão a serem abocanhados pelos cães incansáveis que os esventravam à procura de comida, ou simplesmente porque o podiam fazer (talvez os cães também sejam curiosos e tenham espírito científico). Uma semana depois do início da greve, a câmara cedeu, como não podia deixar de fazer e prometeu as tais melhores condições contratuais que os lixeiros reivindicavam. No dia seguinte, a caminha da escola, observei a cidade e já nunca mais ela me pareceu a mesma. Tão limpa, tão sem cheiros nauseabundos. Sem nunca ter visto aqueles homens, talvez até mulheres, fiquei-lhes tão grato.

Passei a ter-lhes uma admiração reverencial. Sem nunca sabermos quem eles eram, podendo mesmo conhecê-los, andar com eles na rua, estar sentado ao seu lado no café, sabíamos que eles estavam entre nós, e que todos os dias trabalhariam durante a noite para manter a nossa cidade limpa. Eles poriam as mãos onde nenhum de nós ousaria colocar um dedo. Eles não se incomodavam com o cheiro putrefacto dos contentores que cada um, inconscientemente, ia enchendo e encarregar-se-iam de retirar deles o que se poderia ou não aproveitar. Foi então que decidi que seria um homem do lixo. Disse-o aos meus pais. Eles riram-se. Fiquei contente que aprovassem.

Hoje sou um jornalista muito respeitado pela opinião pública e pelos meus colegas. Mesmo quando falo sobre isto com outras pessoas, vejo que muita gente não conseguiu concretizar os seus sonhos. Mas eu consegui.
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NINGUÉM SE MEXA! MÃOS AO AR!


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“Ninguém se mexa! Mãos ao ar!” disse o histérico
e frívolo homenzinho com mais medo
da arma que empunhava que de nós.
“Mãos ao ar!”, repetiu para convencer-se.

Mas ninguém se mexeu, como ele queria...
Deu-lhe então a maldade. Quase à toa,
Escaqueirou o espelho biselado
Que tinha as Boas-Festas da gerência

Escritas a sabão. Todos baixámos,
Medrosos, a cabeça. Se era um louco,
Melhor deixá-lo. (O barman escondera-se
Por detrás do balcão). Ali estivemos

Um ror de medo, até que o rabioso
Virou a arma à boca e disparou.

(Alexandre O’neil)

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Wednesday, March 15, 2006

A GUERRA

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Consegui! Estive mais de duas horas a ouvir falar de guerra numa conferência e não disse nada! A sério! não fiz nenhuma pergunta, não teci qualquer comentário, nada! Só ouvi falar da guerra, das teorias da guerra, das razões da guerra, das pessoas que fazem a guerra, dos países que se defendem da guerra, muitas vezes, através da guerra e dos que fazem a guerra entrar pelas nossas casas a dentro. Foi bonito.

Primeiro conversámos sobre como o homem tem uma predisposição, sabe-se lá se genética, para o conflito e que muitas vezes esses conflitos escalavam para um último plano que seria o da guerra.

Depois falamos de teorias de conspirações de sociedades secretas, ou não, que manipulam tudo e todos em defesa de interesses económicos neoliberais para criar e/ou manter guerras.

Discutiu-se o conceito da guerra justa, se ela existe ou não, e, existindo, quem julgará a sua justiça.

As questões que calei e que agora vos coloco são estas:

- Por muito manipuladores e poderosos que sejam os Bush, os Blair, os Bin Laden, os Iluminati, eu sei lá mais quem que controlarão "o sistema", são as pessoas que fazem a guerra. Não falo de pessoas no geral, este ou aquele povo, esta ou aquela nação, mas o Zé e o Joaquim ali da esquina.

O que faz uma pessoa pegar em uma arma e disparar e tirar a vida a outra pessoa, porque lhe foi assim ordenado por um poder superior que, para ele não tem rosto, não tem voz, apenas se expressa na figura de um retrato, tipo Big Brother, que aparece no horário nobre a apelar ao amor à patria?

O que faz uma pessoa, como o tio Manel ali do café, acordar de manhã, vestir-se com um colete de explosivos e, lúcido, explodir-se num comboio ou num autocarro para matar outras dezenas de pessoas inocentes?

- Ah, mas isso são pessoas que foram educadas numa cultura de violência, de fundamentalismos religiosos (nem sei se neste momento existem outros tipos de fundamentalismos, depois desta tomada monopolista do religioso).

Eis a verdadeira questão que vos queria colocar e que a mim coloco também:

Qual é a diferença entre:

- pegar numa arma para matar o próximo,
- carregar num botão de missil para matar centenas de próximos,
- explodir-se na via pública para matar a si e a outros próximos (no sentido literal também),
- observar fascinado a morte de um sem número de pessoas na Tv e não sentir um mínimo arrepio.

A) a diferença está na quantidade de pessoas que se matam, como acontece nas promoções.
B) a diferença está em se as pessoas que se matam são conhecidas, ou se são daqueles povos distantes com os quais não temos relações históricas e que, portanto, podem morrer à vontade.
C) a diferença está no tipo de arma que se usa, sendo que morrer de AK47 é muito mais bárbaro que morrer de míssil, que é mais chic.
D) a diferença está em que uns matam porque são do bem e outros porque são do mal; assim como o Clark Kent é claramente do bem e o Lex Luthor é claramente do mal, o que declara a guerra é geralmente do bem, ou do mal, ou assim assim...
E) a diferença é que quando eu vejo alguem morrer na tv vezes e vezes sem conta (uma vez em cada horário nobre, mais outra nos vários directos a multiplicar por vários canais e internet) e continuo fascinado por aquelas imagens que não consigo deixar de ver, não sou tão mau quanto aqueles que matam uma vez e vão embora. Eles têm uma arma na mão, eu só tenho um telecomando. Eles matam uma vez, eu posso ver aquilo repetido à exaustão e quando ela chegar, mudar de canal e ver imagens novas. E isso faz de mim uma pessoa normal.

Ser humano é ser violento? É ter prazer na violência? É ser indiferente à violência que é praticada contra outros?

A guerra não nos tira o sono. A morte do inocente não nos tira o sono. A opressão dos indefesos não nos tira o sono. Será que merecemos dormir descansados?

Cito um dos maiores constitucionalistas americanos: "Aqueles que para terem segurança sacrificam a sua liberdade, não merecem ter nem uma nem outra".

Tuesday, March 14, 2006

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- caiu-me a Alma ao meio da rua,
e não a posso ir apanhar!

O amor é lindo como um tornado visto do espaço

As pessoas que sobrevivem a catástrofes naturais tornam-se indefesas ou cruéis.

A catástrofe natural é dos acontecimentos mais terríveis para o homem. Não porque, em minutos, lhe tira tudo o que lhe demora uma vida a construir. Não porque vem sem aviso, e mesmo que avisasse, nada poderia ser feito para evitar a devastação. Nem porque faz aflorar o instinto de sobrevivência que reduz o homem a animal e o leva a fazer escolhas que no seu estado de racionalidade não faria. Muito menos por deixar para sempre a marca da sua passagem na memória dos homens.

Por muito que se reconstrua, por mais perfeita que seja a reconstituição, não se pode reconstituir a memória do homem, as perdas emocionais, as perdas de pessoas que lhe serviam de referência. Não se pode apagar da memória de um homem as coisas que ele fez, pensou e disse nos momentos em que escolheu entre a sua vida e a vida de outro, entre matar ou morrer. Não se pode apagar a usurpação da dignidade de um homem que foi obrigado a fazer e a dizer certas coisas para continuar vivo.

A catástrofe natural é dos acontecimentos mais terríveis para o ser humano porque a ninguém se pode atribuir a culpa. Há sempre um pequeno alívio quando há alguém a quem culpar, alguém a quem perseguir incansavelmente até que se faça justiça, mesmo que não se tenha uma ideia clara do tipo de justiça que se pretende ver feita. Não havendo a quem culpar, fica-nos aquele vazio de objectivo imediato. Só nos resta a reconstrução de uma realidade que sabemos, agora, ser apenas temporária. Temos a consciência aterrorizada pela percepção da inconstância da vida, da efemeridade dos dias, de nada mais estar sob o nosso controlo e isso impede-nos a vida que nos sobrou. Quando olhamos para o céu sentimos um prazer enorme a observá-lo apenas porque temos a certeza absoluta que ele não nos vai cair em cima a qualquer momento.

Contamos as estrelas, desenhamos nas nuvens, apenas porque sabemos que elas permanecem ali, no seu lugar próprio, sob o nosso controlo. A partir do momento em que começamos a pensar que poderá não ser assim somos invadidos por aquele terror que faz homens barbudos comportarem-se como crianças indefesas e órfãs, tristes, patéticas.

Depois de uma catástrofe natural não sabemos muito bem o que fazer, por onde começar. Sabemos que temos que fazer, temos! Mas não temos forças. Não apetece. Não nos sobrou fôlego porque o gastámos todo a sobreviver. Entramos em luto, choramos, olhamos em volta e choramos mais um pouco e ninguém nos diz nada. Podemos chorar sem que nos digam que isso não é de homem. Depois sentimos fome e a vida volta a correr-nos nas veias. Começamos, então a limpar os restos, os destroços, a abrir caminho para uma nova existência em que, daqui a nada, já nos sentiremos seguros o suficiente para olhar novamente as estrelas sem medo que elas nos caiam em cima.

Sobrevivi a essa catástrofe natural a que chamam amor, mas ainda ninguém me tira da cabeça que as estrelas não estão quietas. Elas mexem-se que eu sei...

QUADRILHA


João amava Teresa que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
Que não tinha entrado na história.

(Carlos D. de Andrade)

MediaEducação

Meninas e Meninos

Todos já vimos
Nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão
Retratos de meninas e meninos
A defender a liberdade de armas na mão.

Todos já vimos
Nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão
Retratos de cadáveres de meninos e meninas
Que morreram a defender a liberdade de armas na mão.

Todos já vimos!
E então?


Fernando Sylvan ( timor)

dores

"Às dores inventadas
Prefere as reais.
Doem muito menos
Ou então muito mais..."

(ele...claro)

Momentos Kodak

"Quando ceguei decidi ser fotógrafo.
O que me levou a tomar esta decisão foi (após prolongado período de escuridão absoluta) a quantidade de imagens surgidas no meu espírito. Primeiro, desfocadas, sem contornos nem volume; depois, a pouco e pouco, os elementos que as compunham definiram-se, tornaram-se reconhecíveis.

Pude ver, enfim, o que o meu espírito criara; e nenhuma das imagens (pelo menos que me lembrasse) se parecia com as que, porventura, vira antes de cegar.

Resolvi pedir auxílio a C. - descrevia-lhe com minúcia o que pretendia fotografar.
Se era uma paisagem, por exemplo, pedia-lhe que me encontrasse uma, em tudo semelhante àquela por mim descrita.
C. passou a ser o meu olhar.

Mas C. não podia ver a minha paisagem, e eu jamais saberia se a que fotografara era igual, ou parecida, à que desejara fotografar. E, se por acaso descrevesse a mesma paisagem a B. (e não a C.) pedindo-lhe para, em seguida, me descrever a que via impressa no papel, apercebia-me de que não coincidiam em quase nada.

As paisagens de C. eram, sempre, diferentes das minhas. B. confirmava o que eu já suspeitava.
Apesar de tudo, continuei a trabalhar. Viajava na companhia de C. - íamos à procura dos lugares e das coisas que eu queria fotografar.

Dessa época, uma das fotografias (talvez a minha preferida) era de um grande rigor e simplicidade - uma estrada sumia-se na curva do horizonte, e a linha branca da estrada terminava num ponto situado no centro da folha.

Embora C. me dissesse que, numa das bermas da estrada havia uma árvore. Não me recordo se lhe tinha falado numa estrada com uma árvore. É pouco provável.
Mas nada disto tem grande importância. A verdade é que eu não podia ver se havia ou não uma árvore na fotografia. E C. também não podia confirmar a existência duma árvore dentro da minha cabeça.

Certo dia pedi a C. que me indicasse como fotografar areia. Grandes extensões de areia ou de água, de céu vazio.
B., ao ver uma fotografia dessa série, disse:
- Não está aqui quase nada. Algumas sombras, um pouco de luz e formas indefinidas.
Soube, nesse instante, que tudo começara a coincidir - dentro e fora de mim.

Nunca mais precisei de C., nem de B. - desatei a fotografar sem ajuda. Escolhia o que desejava fotografar pelo tacto e pelo olfacto. Apontava a objectiva para o céu, para a água ou para as areias - disparava com a certeza de que as imagens que não via coincidiam com as que via.
Assim, ao fim de algum tempo, o que estava fora de mim passou a ser igual ao que estava dentro de mim - Luz e Sombra.
E foi com Luz e Sombra que iniciei, no papel, a construção da minha biografia."


(Há muito tempo atrás encontrei este texto, mas já não sei onde. A quem pertencer, por favor, reclame.)

Desassossegos...



" 407.

Deus criou-me para criança, e deixou-me sempre criança. Mas por que deixou que a Vida me batesse e me tirasse os brinquedos, e me deixasse só no recreio, amarrotando com mãos tão fracas o bibe azul sujo de lágrimas compridas? Se eu não poderia viver senão acarinhado, por que deitaram fora o meu carinho? Ah, cada vez que vejo nas ruas uma criança a chorar, uma criança exilada dos outros, dói-me mais que a tristeza da criança o horror desprevenido do meu coração exausto. Doo-me com toda a estatura da vida sentida, e são minhas as mãos que torcem o canto do bibe, são minhas as bocas tortas das lágrimas verdadeiras, é minha a fraqueza, é minha a solidão, e os risos da vida adulta que passa usam-me como luzes de fósforos riscados no estofo sensível do meu coração."

(Bernardo S.)

Qualquer semelhança com figuras reais é pura...

Problema de expressão

Devia ser como no cinema

A língua inglesa fica sempre bem

E nunca atraiçoa ninguém...

(Clã )

Problema de expressão...

Devia ser como no cinema

A língua inglesa fica sempre bem

E nunca atraiçoa ninguém...


António Lobo Antunes

“A propósito de ti” (crónicas)

"(...)

Somos felizes. Por isso não me preocupei no Sábado com o animal, muito entretido na praceta, e tu atrás dele, de trela enrolada na mão, sem olhares para cima nem dizeres adeus, a andares devagarinho até desapareceres na travessa para a estação dos barcos. Foi anteontem. Às onze horas tirei o cozido do forno e comi sozinho. Ontem também. Hoje também. Não levaste roupa, nem pinturas, nem a fotografia do teu pai, nada.

Ainda há bocadinho acabei de gravar o episódio da novela para ti. A tua mãe telefonou, a saber porque é que não fomos ao Feijó, e eu disse-lhe que daqui a nada lhe ligavas. Porque tenho a certeza de que tu não te foste embora, visto sermos felizes. Tão felizes que um dia destes vou comprar um microondas para, se chegares a casa, teres a comida quente à tua espera."

Monday, March 13, 2006

o coelho...aquele...o paulo...

A pedido de várias famílias, quero aqui esclarecer algumas queixas que me chegaram sobre a minha opinião desfavorável sobre o Paulo Coelho e sua vasta obra literária.

NUMERO UM: A minha opinião sobre o Paulo Coelho é que ele escreve livros.

NUMERO DOIS: A minha opinião sobre os livros do Paulo Coelho é que eles são muitos.

NUMERO TRES: Há muitas pessoas por todo o mundo que adoram o Paulo Coelho e os seus muitos livros.

NUMERO QUATRO: A todas essas pessoas, fica aqui a minha sincera simpatia.

CONCLUSÃO: O Paulo Coelho já me levou aqui mais linhas do que eu desejaria algum dia ofertar-lhe. No entanto, já que estou com a mão na massa, acrescento que o Paulo Coelho merecia um manifesto como o feito para o Dantas.

Porque o Paulo Coelho um dia na vida decidiu ser escritor. Não tendo conseguido alcançar o seu sonho de escrever com qualidade, resolveu então primar pela quantidade, vencendo o público pelo cansaço.

Porque o Paulo Coelho vem na linha daqueles que nos fazem duvidar da existência da literatura e nos envergonham perante os nossos grandes poetas e novelistas (não...não são novelas da televisão, nem são fotonovelas),e abriu a porta a mais desses que agora só fazem aproveitar-se das carências afectivas e espirituais das pessoas. Usam velhas técnicas, velhas filosofias, velhas religiões, velhos pensamentos, em novas técnicas de marketing. Dizem que foram iluminados, que viram Deus, que falaram com Jesus ou que Jesus é que os procurou para conversar, que também pode acontecer, claro! E há sempre quem se deixe fascinar...

O Paulo Coelho está para a literatura como a revista Maria está para o jornalismo sério.

Aos leitores e fans do Paulo Coelho... o meu bem haja! (só para não me espancarem na rua quando me vierem) Lembrem-se que o Paulo ensina a paz e a harmonia interior! Ou não é o Paulo? Será o Buda? ou o Gandhi? Não, acho que é mesmo o Paulo Coelho...Confundo-os sempre, não sei porquê...

Under new management...

Na verdade não mudámos de direcção (mas não contem a ninguém).

Estive a passear pela blogosfera e percebi que o meu blog era pobrezito. E pensei eu, assim de mim pra mim:

" Epá...isto assim não pode ser nada! Porquê que o meu blog não tem assim essas coisas bonitas e esses dizeres tão poéticos como os outros?

É, acaso, o meu blog mais fraco? É, acaso, o meu blog menos que os outros? Claro que isso nem se pergunta! Então o que falta? Faltam pensamentos profundos.

Mas profundos de que tipo de profundidade? Ora aqui está uma questão difícil.

Se forem muito profundos, daquela profundidade que marca os grandes pensadores, o povo não iria compreender. E eu sou pelo povo, pela democratização da cultura e pelo livre acesso dos pobres à qualidade. Sim! Porque eles também merecem! São pessoas como nós!

Mas se forem pensamentos profundos como aqueles livros que voam das prateleiras dos hipermercados e das livrarias (do paulo coelho e da amiga rita e da outra...nem me lembro do nome de tanto que gosto dela...ai...epá, tava mesmo na ponta da língua...olha...nao me lembro), então...antes a pobreza de espírito que a riqueza de vazio."

Finda esta conversa com os meus botões, decidi, então, passar a usar este blog para coisas mais... não faço ideia o que serão mais, mas que serão mais, ah isso serão! Mas é que palavra de honra que serão mesmo mais!

Portanto, caros leitores, vocês, os milhares de leitores fiéis deste blog, preparem-se para novos desafios! Vamos, amigos!! to infinity and beyond!!!!

"Depois de uma noite mal dormida toda a gente não gosta de nós."

(F.P. ou B. S., como preferir)




"(...)
se acha que a vida não é boa
utilize gás da Companhia
o combustível de Lisboa.
(...)"

(O'neil)

O TEMPO FAZ CARETAS

Visto que não há regresso
E o tempo está de mau cariz,
Viremos o dia do avesso
Para ver como é, primeiro.

A carranca dum velho ou o traseiro
Prazenteiro dum petiz?

(O'neal)